quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

medo do medo que dá





enquanto andar distraído, a vida acontece.
não porque você queira ou faça previsões.
ela simplesmente acontece...
nesse caminho, a pedra colocada pelo poeta é o medo.
medo de chegar tarde demais, cedo demais,
de ir longe demais, falar demais ou de menos.
medo de não conter as emoções ou de transbordar alegria e loucura.
a gente tem medo de quase tudo e o medo nos preserva da morte, mas também da vida.
vida tão frágil...
vida por um fio.

interromper a vida é ter medo de não mais viver
medo de cair no buraco quando atravessar a rua,
medo de voar e perder-se no oceano...
medo do medo e ponto.
bem aventurado o distraído
aquele que esqueceu de colocar o medo na bagagem
e ruma por aí,
pelo mundo,
livre de preocupações
e amarras.

agora, experimente fechar os olhos e se jogar...
não, a morte não vai te pegar de surpresa enquanto você estiver com medo.
quando um dia a sua hora chegar, ela virá de mansinho, atenta...
para tirar-lhe a vida no momento certo:
quando você estiver distraído, vivendo,
sem medo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

pelas ladeiras...


É isso aí, gente!!! Vai começar o Carnaval!! Nessa festa pagã, quero mais é transbordar em alegria pelos quatro cantos da minha casa. A folia vai ser aqui mesmo. E nada de chororo! Até porque o grande barato desse feriado é o estado de espírito...Por isso, meu grito de carnaval vai ecoar bem alto na Asa Sul do avião... Vão me ouvir cantando e pulando do quarto para a sala, da cozinha para a varanda...Simbóra!!!

"Ô balancê balancê
Quero dançar com você
Entra na roda morena pra ver
Ô balancê balancê"

(Foto: Bob Fernandes)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

alegrias do ofício


Dá para ser menos espontânea que Lucinha Lins?
Chego para nossa entrevista, marcada no hotel Mercure (Setor Hoteleiro Norte de Brasília), às 18h. Aguardo pouco mais de vinte minutos com o fotógrafo Valério Ayres (autor desse flagra) no hall do hotel. Assim que Lucinha chega, vou ao seu encontro, ao lado da sala de ginástica. Sugerimos um local mais florido, colorido...ou seja, a cara da nossa entrevistada. "Claro, querida. Vamos subir para o meu quarto e você escolhe uma roupa para a foto". Assim.

No quarto de Lucinha Lins, um livro sobre Leila Diniz repousava na cama, bem ao lado de alguns lenços, roupas e outras "baguncinhas" de última hora. "Não repara, hein?". Eu?? Imagina..."Agora escolhe uma roupa comigo. Será que essa blusa fica legal com essa saia? Tava assim na viagem de avião. O que acha?". Acho linda, Lucinha. Você escolhe. E lá vai ela, sem cerimônia alguma, trocar de roupa na minha frente. Bem que eu quis dar uma espiada, mas a educação herdada de mainha e painho falou mais alto. "Fica sem graça não, boba. Tenho quatro irmãs. Imagina se vou ficar com vergonha". É...bem assim...natural. E lá vai ela.

Saímos do quarto, do hotel. Passamos por fãs e entramos no carro. "Vocês não se incomodam se eu fumar, né?". Você fuma, Lucinha? Por essa não esperava...Não por ser caretona ou qualquer chata, mas porque tinha nela o sinônimo "estilo natureza, pé no chão". Daí não batia, né? Mas vamos lá...Isso não importa mesmo!!

No caminho para o cenário da foto, sugerido pelo meu fotógrafo Valeríssimo (o adjetivo já basta), conversamos sobre o espetáculo musical Na batucada da vida, vontade de ser Carmen Miranda, saudades da filha que acabara de partir para Austrália, neto, almoço em família...ah...tanta coisa. E Lucinha ali. Natural. Linda. Apaixonante. Pose para a foto: sorrisos e brincadeiras com Valério.
Conversamos mais um pouco...gravo tudo analogicamente porque ainda desconfio do digital. Vai saber...

Nos despedimos com um abraço bem gostoso. Igualzinho aqueles que imaginei que ela fosse dar...Atravessamos a rua a caminho do jornal tropeçando no encantamento que ela nos deixou. Lucinha Lins sorriu um sorriso mais aberto. Devia saber: "mais uma fã". Imagino...

Confira a entrevista com a atriz e cantora Lucinha Lins na Revista do Correio Braziliense, do próximo domingo, dia 14/02. Imperdível!!

valentine's day


com a chegada do grudento valentine's day, dia 14 de fevereiro, a Nike lança sneakers apaixonados e apaixonantes para celebrar a data. em clima head over hills, o tênis vem com poesia. ah...o amor, em tempos de consumo...
segue um trecho dos versos pisantes:

“abro minhas asas para experimentar a liberdade, a liberdade de experimentar o que é um estado de espírito divino... a inexplicável natureza do amor”

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Chuva, suor e cerveja



Não se perca de mim
Não se esqueça de mim
Não desapareça
Que a chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo perdendo a cabeça
Não saia do meu lado
Segure o meu pierrot molhado
E vamos embolar ladeira abaixo
Acho que a chuva ajuda a gente a se ver
Venha veja deixa beija seja
O que deus quiser
A gente se embala se embola se embola
Só pára na porta da igreja
A gente se olha se beija se molha
De chuva suor e cerveja

(Caetano Veloso)

Pense nisso...


Estamos obcecados com "o melhor".
Não sei quando foi que começou essa mania, mas
hoje só queremos saber do "melhor".
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro,
o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor
operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta.
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os
outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes,
porque, afinal, estamos com "o melhor".
Isso até que outro "melhor" apareça -
e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.
Novas marcas surgem a todo instante.
Novas possibilidades também. E o que era melhor,
de repente, nos parece superado, modesto, aquém
do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor,
é que passamos a viver inquietos, numa espécie
de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos,
porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.
Cada comercial na TV nos convence de que merecemos
ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os
outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor,
comprando melhor, amando melhor, ganhando
melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás,
de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos.
Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.
Se não dirijo a 140, preciso
realmente de um carro com tanta potência?
Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que
subir na empresa e assumir o cargo de chefia que
vai me matar de estresse porque é o melhor cargo
da empresa?
E aquela TV de não sei quantas
polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?
O restaurante onde sinto saudades da comida de
casa e vou porque tem o "melhor chef"?
Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado
porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?
O cabeleireiro do meu bairro tem
mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
Tenho pensado no quanto essa busca
permanente do melhor tem nos deixado
ansiosos e nos impedido de desfrutar o
"bom" que já temos.
A casa que é pequena, mas nos acolhe.
O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.
A TV que está velha, mas nunca deu defeito.
O homem que tem defeitos (como nós), mas nos
faz mais felizes do que os homens "perfeitos".
As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas
vai me dar a chance de estar perto de quem amo...
O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas
das histórias que me constituem.
O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e
sente prazer.
Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?
Ou será que isso já é o melhor e na
busca do "melhor" a gente nem percebeu?

Texto de Leila Ferreira: jornalista mineira com mestrado em Letras e
doutora em Comunicação, em Londres. Apesar disso, optou por viver uma vidinha mais simples, em Belo Horizonte.